Lírica camoniana

Formas poéticas

Medida Velha, influência tradicional

 Vilancete: composto por um mote de 2 ou 3 versos, seguido de glosa ou volta, pode conter uma ou mais estrofes com 7 versos, sétimas, disposto em esquema regular de rimas, com sete sílabas métricas, redondilha maior.

 Cantiga: composta por um mote de 4 ou 5 versos e por uma glosa de 8 a 10 versos, geralmente, concentrava-se nos temas amorosos.

 Esparsa: composta por uma única estrofe de 8 a 16 versos, não tinha mote nem a repetição dos versos e expressava tristeza ou melancolia.

 Endechas: composta de forma livre, normalmente possuía quadras ou oitavas, geralmente com cinco sílabas métricas, redondilha menor.

 Medida Nova, influência renascentista

 Soneto: apresenta duas estrofes de quatro versos, quadras e duas estrofes de três versos, tercetos. O verso tem dez sílabas métricas, é decassilábico.

Geralmente na primeira estrofe apresenta o tema, que explica e carateriza na segunda estrofe, exemplificando no primeiro terceto e conclui com a chamada «chave de ouro», ou seja, uma imagem expressiva, dando a solução do soneto.

Pode ser apresentado em três formas de distribuição dos versos:

Soneto italiano ou petrarquiano: apresenta duas estrofes de quatro versos (quadras) e duas de três versos (tercetos).

Soneto inglês ou Shakespeariano: três quadras e um dístico.

Soneto monostrófico: Apresenta uma única estrofe de 14 versos.


Uma proposta para analisar um poema

1. Análise da estrutura externa ou formal

1.1. Número de estrofes do poema. 

1.2. Número de versos por estrofe e classificação. 

1.3. Esquema rimático e tipo de rima. 

1.4. Número de sílabas métricas.

Há que ter em conta a época em que se contextualiza o poema, pois poderá não respeitar estes itens de análise. Assim sendo, também é importante salientar a liberdade formal. 

2. Análise da estrutura interna ou do conteúdo 

2.1. Tema central do poema. 

2.2. Assunto desenvolvido. 

2.3. Como se distribui o assunto ao longo do poema, em partes, momentos e que relações se estabelecem entre elas. 

2.4. Recursos morfológicos (substantivação, adjectivação, tempos verbais,...), sintácticos (tipos de frases,...) e semânticos (figuras de estilo), que se inscrevem no poema e de que modo contribuem para a expressividade e enfatização das ideias da mensagem exprimida pelo «sujeito poético».

Há que ter consciência que um poema é tão aberto e susceptível de tantas análises diferenciadas quantas as sensibilidades que o olham.


Lourenço, Eduardo Tempo e Poesia, Gradiva, 2003

a Esfinge é a encarnação perfeita da ambiguidade radical da situação humana. E ao mesmo tempo a realização plástica mais concreta do acto original do homem: a poesia. (p.28)

Como na hora em que concebemos a Esfinge para nos tocarmos melhor, continuamos sendo aqueles que procuram danadamente uma autêntica face do homem, uma existência em busca duma essência. Ou uma essência descontente de si mesma buscando-se entre possibilidades múltiplas de existir. (p. 32)

O paradoxo, a dialética, refazem às direitas um mundo às avessas ou vice-versa. Mas é o mesmo mundo. Só a palavra poética é libertação do mundo. […] É da luz que a palavra poética concentra misteriosamente que a nossa existência recebe o máximo de claridade. (p. 38)

Eduardo Lourenço, Revista Única, Expresso, 31 de Dezembro de 2009

O que merecerá o nome da poesia é a mais alta criação humana. É o verbo divino. Só tem equivalente na música. Tenho uma paixão por poesia.

Como diria o romantismo alemão, a ficção é a mais alta poesia. O real é tão intensamente poético, é uma ofuscação, que só a ficção acede a essa realidade. O Proust leva quatro mil páginas para descrever a realidade.

Nós, a Humanidade, estamos sempre no mesmo ponto, o ponto zero. Mas cada vez é mais difícil estar nesse ponto de origem.

[Heidegger] teve intuição. No meio de uma ficção moderna, que é extremamente sofisticada e desconstrutiva, com séculos atrás em competição, ele intuiu que estávamos num tempo de autocomplacência.

A síntese, o resumo

Síntese
Uma síntese contempla as principais ideias de algo. É possível, portanto, fazer uma síntese de um livro, um filme, etc. 
A escrita de uma síntese começa pelo entendimento do conteúdo em questão. Ao elaborar uma síntese, certifique-se de que há relação entre as frases e parágrafos. O uso de conectivos é fundamental nesse caso (em primeiro lugar, enfim, principalmente, afinal, etc.). Também é necessário usar uma lógica de construção do texto. Tenha o cuidado de refletir a essência do conteúdo com exatidão e não incluir itens que não foram abordados no texto original.

Resumo
Um resumo é a apresentação sucinta das ideias principais de um texto mais extenso, contendo as ideias fundamentais. Para tal deve eliminar-se o acessório da informação. Deve possuir rigor e clareza, pois deve exprimir as ideias fundamentais do texto de forma coerente e clara, respeitando a organização do texto a resumir.
A linguagem deve ser pessoal e não copiar frases do texto, empregando vocabulário nosso, mas respeitando as palavras-chave.
O resumo deve ter a extensão de 1/3 a 1/4 do texto original. No resumo não se usam figuras de estilo, nem citações, nem exemplos, nem discurso directo, muito menos possui opiniões pessoais do autor do resumo
Resumir corretamente:
  1. Ler o texto para apreender a(s) ideia(s) centrais.
  2. Sublinhar as ideias centrais, tópicos e assinalar os elementos de sentido principais (núcleos semânticos)
  3. Com os sublinhados elabora um plano esquemático, que te ajudará a organizar o texto e os parágrafos do teu resumo.
  4. Começa a escrever o teu resumo, respeitando o conteúdo e organização do texto a resumir. Não te esqueças de recorrer ao teu esquema.
  5. Lê o teu resumo e avalia-o, corrigindo os aspetos que achares necessário, aperfeiçoa a linguagem do texto, a construção de frases, substitui palavras e expressões repetidas.